Artigo do Presidente do Secovi referente a análise das Negociações Coletivas
Há aproximadamente 10 anos tenho a honra de negociar cinco Convenções Coletivas de Trabalho, representando importantes setores patronais da economia da minha região, entre elas, condomínios, imobiliárias e shopping centers junto aos sindicatos e federações de empregados. Durante este período, muitas lições foram aprendidas, algumas a duras penas.
Agora, nos aproximamos da época de negociação e desta vez com um elemento a mais: a reforma trabalhista.
Aprendi ao longo do tempo que o processo de negociação coletiva de trabalho carece de reflexão. Não há solução mágica ou grandes sacadas na hora da negociação. É fundamental recuperar as experiências passadas e acima de tudo ter calma. A pressa é inimiga da negociação. E mesmo quando se fizer necessário acirrar um pouco o ânimo, isso precisa ter um propósito muito pensado e aplicado de forma cirúrgica. Pode ser que a outra parte esteja contando com a sua pressa de resolver.
Hombridade: este adjetivo que ligo à retidão de caráter é fundamental numa negociação coletiva de trabalho, de ambas as partes. Trata-se de um exercício, construído não em cinco minutos, nem em alguns dias. São necessários anos de negociação para merecer respeito e confiança. Propostas colocadas na mesa de negociação serão honradas. Limites e impossibilidades devem ser reais. Negociação coletiva não é lugar de malandragens e arrogância.
Tem um banco que diz que é bom para todos. Eu costumo dizer que resultado de negociação coletiva tem que ser ruim para todos. Se alguém sai da negociação achando que ganhou e a outra parte perdeu, não houve equilíbrio, não foi bem negociado. A negociação parte do pressuposto de concessões de ambas as partes. Além disso, empresário e empregados esperam grandes conquistas. Portanto, também faz parte da negociação entender que a outra parte precisa de algo pra cantar vitória, mesmo que esteja sentindo alguma dor.
Com essa história toda e olhando para as cicatrizes, que venha a negociação coletiva com a nova realidade. Mas acredito que não vamos transformar água em vinho neste ano. Será um processo lento e longo.
Escrito por: Fernando Amorim Willrich
Presidente do Secovi Florianópolis/Tubarão.